COMO
ESTÃO AS IPSAS?
Vez por outra, alunos questionam-me sobre as
IPSAS. Como estão? Quais as vantagens? Merecem todo esse esforço?
Bem, vou expor o que há de concreto e o que
entendo serem suas vantagens.
As IPSAS - International Public Sector
Accounting Standards, tem como objetivo principal servir
ao interesse público com normas de alta qualidade e padronização da elaboração
das demonstrações contábeis por entidades públicas em todo mundo. Os países que
fazem a convergência aos padrões das IPSAS passam a demonstrar maior
transparência e a real situação financeira e patrimonial do setor público. Há
um expressivo ganho de credibilidade internacional.
Como bem disse o gerente técnico sênior da International
Federation of Accountants (IFAC), Vincent Tophoff, : “as IPSAS são um
elemento indispensável na cadeia de relatórios financeiros entre as entidades
públicas e os seus stakeholders internos e externos. A adoção
das IPSAS não é apenas o caminho para transparência e responsabilidade, é
também a base para benefícios adicionais, como uma melhor tomada de decisões
estratégicas e também planejamento e controle, considerando que os números
apresentados irão refletir melhor a realidade econômica”.
Esse é outro ganho fantástico, ou seja, qualidade
das informações para a tomada de decisões pelos gestores públicos. A
contabilidade pública passa a ser efetivamente um centro de informações, cada
vez mais fidedignas, em que a análise, avaliação e projeções das informações
contábeis são as ferramentas principais para orientar os governos.
Os governos de países com demonstrações contábeis
confiáveis e baseadas nas IPSAS estão usando, cada vez mais, esses relatórios,
inclusive o balanço patrimonial, para tomar decisões fiscais. Esse é o caso da
Nova Zelândia e do Reino Unido, que usam o saldo para decisões de política
fiscal. Em 2018, o FMI publicou um estudo que estima o potencial econômico
inexplorado dos ativos do governo, em média, em 3% do Produto Interno Bruto
(PIB).
Segundo Tophoff, o Índice de Responsabilidade
Financeira do Setor Público Internacional, desenvolvido pela IFAC, pelo Chartered
Institute of Public Finance and Accountancy (CIPFA), com o apoio
da Zurich University of Applied Sciences, fornece uma imagem
instantânea da real situação dos relatórios e orçamentos financeiros públicos e
planos para futuras reformas, para cada jurisdição, com: padrões contábeis
atuais e relatórios financeiros utilizados na elaboração das demonstrações
financeiras; estrutura e processo de definição de padrões de relatórios
financeiros; base de reconhecimento atual para orçamentos; e relatórios
financeiros e planos de reforma orçamentária.
O IPSFR - International Public Sector Financial
Responsibility Index será um dos principais indicadores com que os países,
entidades multinacionais, empresas e investidores avaliarão as condições dos
governos as possibilidades de desenvolvimento e investimentos.
Os países que adotam as IPSAS devem escolher entre
os métodos direto e o indireto. O método direto faz referência direta a padrões
internacionais, enquanto o método indireto estabelece normas nacionais baseadas
em padrões internacionais. A grande maioria dos países, incluindo os da América
do Sul, escolheu o método indireto, pois permite uma adaptação ao quadro
jurídico do país e uma adaptação à terminologia específica utilizada
localmente, que pode diferir, mesmo entre países com a mesma língua, como, por
exemplo, Brasil e Portugal. Nesse sentido, o método indireto respeita mais
claramente a autonomia ou soberania de cada país. No entanto, esse método
possui um risco de gerar divergência dos padrões internacionais. Por isso, é
importante que profissionais especialistas estejam envolvidos no processo.
As vantagens são inúmeras, em especial a exigência
de uma organização melhor da gestão do setor público e a obrigação de seguir
padrões contábeis internacionais e não padrões locais que mascaram a realidade
do setor público. Será uma espécie de Selo de Qualidade dos governos.
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